Na madrugada fria, algo a
despertou. Não soube ao certo o que a fez sobressaltar-se. Sentou-se na cama,
assustada, olhou através da janela do quarto e, aguçando os ouvidos, nada ouviu
além do ruído forte dos trovões e da chuva que caia, abundantemente lá fora,
onde a escuridão predominava na paisagem. Mesmo assim, não conseguiu mais
dormir, quase certa de que estava em perigo.
Horas se passaram e ela continuou
sentada na cama, abraçada às próprias pernas, só esperando o dia amanhecer. Mas
antes que o sol despontasse no horizonte, ouviu um barulho estranho, vindo de
longe, fazendo-a levantar-se e dirigir-se à porta de entrada da casa,
automaticamente, como se uma força estranha a estivesse manipulando, como se
não soubesse o que estava fazendo. Girou a maçaneta, abriu a porta e saiu.
Logo, a chuva caiu pesadamente
sobre ela, encharcando completamente sua roupa de dormir, machucando seu rosto
com pingos grossos e gelados. Os pés, descalços na relva, estavam como que
pisando em nuvens, adormecidos pelo transe, sem estímulos sensoriais, fazendo-a
andar a esmo no meio do mato íngreme e assustador.